As mulheres negras são uma força no Brasil, representando 28% da população e ocupando um papel crucial na economia, cultura e sociedade.
Contudo, os números revelam uma realidade que não pode ser ignorada: desigualdade, violência e desafios que refletem séculos de racismo estrutural e sexismo.
Este texto te convida para estar atenta a cinco dados – com suas devidas fontes – que mostram por que a pauta racial e de gênero precisa estar presentes em nossas mentes, e claro, no centro das discussões atuais.
Índice
A realidade do mercado de trabalho: muito além da igualdade
Vamos começar com um fato: as mulheres negras são as principais trabalhadoras informais do Brasil. Enquanto contribuem ativamente para a economia, enfrentam uma série de barreiras que limitam suas possibilidades de ascensão.
A desigualdade salarial é um exemplo marcante: elas ganham, em média, 35% menos que mulheres brancas e quase metade do que recebem homens brancos. (Fonte: Relatório de Transparência e Igualdade Salarial 2024)
Meninas, por que isso acontece?
- A informalidade é um fator determinante. Cerca de 67% das trabalhadoras domésticas no Brasil são negras, e a maioria delas não tem carteira assinada. (Fonte: Dieese 2024)
- Faltam políticas públicas que garantam acesso a empregos formais e qualificação específica para mulheres negras. Isso perpetua o ciclo de baixa renda!
E claro, muitas dessas mulheres são chefes de família e responsáveis pela renda de seus lares.
A sobrecarga financeira e a falta de estabilidade no emprego afetam diretamente suas condições de vida, reforçando a desigualdade em todas as esferas. (Fonte: Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2024)
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Violência e negligência: um problema urgente
Outro dado que choca, mas não deveria ser novidade, é o número desproporcional de mulheres negras vítimas de violência no Brasil.
Segundo relatórios recentes, mais de 65% das mulheres que sofrem feminicídio no país são negras. (Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024)
A negligência estatal e as barreiras ao acesso à justiça fazem com que muitas vítimas não consigam se proteger ou denunciar seus agressores.
Meninas negras também estão desproporcionalmente expostas à violência sexual e são frequentemente negligenciadas em políticas de proteção infantil.
Além disso:
- Há relatos recorrentes de violência obstétrica em mulheres negras, evidenciando o racismo no sistema de saúde. (Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024)
- A mortalidade materna é outro problema alarmante: 68% das mortes relacionadas à gravidez ou ao parto ocorrem entre mulheres negras. (Fonte: Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2024)
Essa combinação de fatores demonstra como o racismo e o sexismo andam lado a lado, expondo mulheres negras a condições desiguais de segurança e saúde.
Educação e esperança: desafios que começam cedo
A educação é outro ponto de desigualdade que persiste entre mulheres negras e brancas no Brasil. Dados recentes mostram que menos de 15% das mulheres negras conseguem concluir o ensino superior, um percentual muito inferior ao de mulheres brancas. (Fonte: Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2024)
Por que isso importa?
A educação é um dos principais caminhos para romper ciclos de pobreza e desigualdade.
E diante deste cenário, mulheres negras enfrentam uma série de desafios nesse percurso:
- Elas têm maior probabilidade de estudar em escolas públicas com infraestrutura precária.
- São mais suscetíveis a abandonar os estudos devido a gravidez precoce, necessidade de trabalhar para sustentar a família ou falta de apoio psicológico.
Apesar dessas dificuldades, a representatividade de mulheres negras no ensino superior tem crescido, em parte graças às políticas de cotas raciais.
É um avanço significativo, mas que ainda enfrenta desafios, como o preconceito e a falta de suporte contínuo para garantir que essas alunas permaneçam nas universidades até se formarem. (Fonte: IBGE – PNAD Contínua 2022)
Uma análise necessária: o papel de todos na mudança
Os dados apresentados mostram que, embora representem a base da pirâmide social e econômica, as mulheres negras enfrentam barreiras que poucos enxergam de forma clara.
A partir desses números, é urgente refletir como políticas públicas podem promover mais equidade no mercado de trabalho.
- O que é necessário para erradicar a violência estrutural contra mulheres negras?
- Como podemos garantir que meninas negras tenham acesso à educação de qualidade e à proteção integral?
A responsabilidade não é apenas do Estado. Empresas, instituições e cada indivíduo têm um papel a desempenhar.
A conscientização é o primeiro passo, mas a ação deve seguir rapidamente.
Os números falam por si, mas o impacto por trás deles só será sentido se nos mobilizarmos para transformar essa realidade.
As mulheres negras no Brasil representam um dos grupos mais resilientes e ativos na construção da sociedade, mas essa contribuição muitas vezes é ignorada.
A mudança depende de iniciativas integradas e da disposição de todos para enxergar o óbvio: o racismo e o sexismo são questões centrais que precisam ser enfrentadas de frente.
Se quisermos um Brasil mais igualitário, a luta das mulheres negras precisa ser de todos nós.
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Fontes:
IBGE – PNAD Contínua – https://www.ibge.gov.br/busca.html?searchword=PNAD+Cont%C3%ADnua+2022
Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2024 – https://asmetro.org.br/portalsn/wp-content/uploads/2024/09/RELATORIO_2024_v3-1.pdf
Dieese – As Dificuldades das Trabalhadoras Domésticas no Mercado de Trabalho 2024 – https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2024/trabalhoDomestico.html
Relatório de Transparência e igualdade salarial 2024 – https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2024/Setembro/mulheres-ganham-20-7-menos-que-homens-em-empresas-com-mais-de-100-funcionarios-aponta-2deg-relatorio-de-transparencia-salarial/Apresentacao.MTE.17092024final.pdf
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 – https://apidspace.forumseguranca.org.br/server/api/core/bitstreams/1d896734-f7da-46a7-9b23-906b6df3e11b/content