Você já se perguntou por que seu filho parece grudado ao celular?
Como mãe, é natural se preocupar com o tempo que as crianças passam em frente às telas. Mas você sabia que há razões científicas por trás desse comportamento?
Vamos ver juntas esse fenômeno e descobrir como podemos ajudar nossos filhos a terem uma relação mais saudável com a tecnologia.
Você sabia que o cérebro das crianças é como uma esponja, absorvendo tudo ao seu redor.
Quando se trata de tecnologia, essa característica se intensifica.
Segundo a psicóloga Juliana Guedes, o uso excessivo de redes sociais e jogos eletrônicos causa modificações na estrutura cerebral das crianças, afetando negativamente seu desenvolvimento cognitivo e emocional. (Fonte)
Mas por que isso acontece?
A resposta está na química cerebral. Os dispositivos eletrônicos estimulam a liberação de dopamina, o neurotransmissor do prazer.
Isso cria um ciclo de recompensa que faz com que as crianças queiram usar cada vez mais seus dispositivos.
Você já notou como seu filho fica inquieto quando está sem o celular?
Isso não é coincidência. O cérebro deles está literalmente pedindo por mais estímulos digitais.
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos não é apenas um hábito, mas uma resposta biológica real. Como mães, é nossa responsabilidade entender esse mecanismo para ajudar nossos filhos a desenvolverem uma relação saudável com a tecnologia.
Os riscos escondidos atrás das telas
Enquanto pode parecer inofensivo deixar as crianças brincarem com tablets e smartphones, os riscos são reais e preocupantes.
Um estudo recente realizado no estado do Ceará com 6.447 crianças mostrou que aquelas expostas a telas por mais de duas horas tiveram menos chance de alcançar seus marcos do desenvolvimento. (Fonte)
Mas não para por aí.
A exposição excessiva às telas está ligada a:
- Problemas de sono
- Dificuldades de socialização
- Atrasos no desenvolvimento cognitivo e da linguagem
- Aumento das taxas de ansiedade e depressão
Você sabia que há uma janela de desenvolvimento específica em que o uso de redes sociais é especialmente prejudicial ao bem-estar mental das crianças?
Para meninas, é entre 11 e 13 anos, e para meninos, entre 14 e 15 anos.
O papel da mãe na era digital
Como mães, temos um papel significativo na formação dos hábitos digitais de nossos filhos.
Mas não se preocupe, você não está sozinha nessa tarefa. Existem métodos que podemos adotar para ajudar nossos filhos a terem uma relação mais saudável com a tecnologia.
A psicóloga Marluce Lima enfatiza a importância das brincadeiras tradicionais: “As crianças também aprendem brincando como, por exemplo, pulando corda e jogando amarelinha e essas brincadeiras trabalham o movimento, trazem situações que são pertinentes à infância que é o compartilhamento de brinquedos e fazem com que as crianças aprendam a agir em determinadas situações, aprendem a lidar com conflitos e até mesmo a tomar decisões”.(Fonte)
Estabelecendo limites saudáveis
Agora que entendemos os riscos, como podemos agir?
A resposta está no equilíbrio.
A Sociedade Brasileira de Pediatria oferece diretrizes claras sobre o tempo de tela recomendado para cada faixa etária:
- Crianças menores de 2 anos: evitar qualquer exposição
- Crianças entre 2 e 5 anos: máximo de 1 hora por dia, com supervisão
- Crianças entre 6 e 10 anos: máximo de 1-2 horas por dia, com supervisão
- Adolescentes entre 11 e 18 anos: limite de 2-3 horas por dia
Lembre-se, mãe, essas são diretrizes, não regras rígidas. Cada família é única e você conhece melhor as necessidades do seu filho.
Criando alternativas atraentes
O desafio não é apenas limitar o tempo de tela, mas oferecer alternativas igualmente envolventes.
Que tal resgatar as brincadeiras da nossa infância?
Pular corda, jogar amarelinha, brincar de pega-pega… Essas atividades não só são divertidas, mas também relevantes para o desenvolvimento motor e social das crianças.
Você pode transformar isso em um momento de conexão familiar.
Que tal uma noite de jogos de tabuleiro?
Ou uma sessão de culinária em família? As possibilidades são muitas e os benefícios, consideráveis.
É importante lembrar que a tecnologia, quando usada de forma adequada, pode ser uma grande aliada na educação e desenvolvimento das crianças.
Existem inúmeros aplicativos educativos que podem complementar o aprendizado escolar de forma lúdica e interativa.
A chave está em escolher conteúdos apropriados para a idade e limitar o tempo de uso. Você pode fazer disso um momento de aprendizado conjunto, explorando novos temas e tecnologias com seu filho.
O exemplo vem de cima
Mães, não podemos esquecer que somos o primeiro e mais importante exemplo para nossos filhos.
Se queremos que eles tenham uma relação saudável com a tecnologia, precisamos modelar esse comportamento.
Que tal estabelecer momentos livres de tela para toda a família?
Durante as refeições, por exemplo, todos os dispositivos ficam guardados. Isso não só reduz o tempo de tela, mas também promove momentos preciosos de conexão familiar.
À medida que as crianças crescem e ganham mais autonomia online, é necessário manter um diálogo aberto sobre segurança digital.
Converse sobre os riscos de compartilhar informações pessoais, sobre cyberbullying e sobre a importância de manter uma pegada digital positiva.
Lembre-se, o objetivo não é assustar, mas educar e fortalecer.
Quanto mais informados nossos filhos estiverem, mais seguros estarão no mundo digital.
Ferramentas de controle parental: aliadas ou invasivas?
Existem diversas ferramentas de controle parental disponíveis, mas seu uso é um tema controverso.
Enquanto podem ajudar a manter as crianças seguras online, também podem ser vistas como uma invasão de privacidade, especialmente por adolescentes.
A psicóloga Marilene Kehdi oferece uma perspectiva interessante: “É preciso conquistar a confiança da criança, do jovem e pedir para que eles não tenham segredos com os pais, explicar de forma que eles entendam e aceitem as regras para uso e, claro, que sempre deem o exemplo. Não adianta apenas falar. Restringir o acesso quando o adolescente não cumprir o combinado é bom, pois isso mostra o quanto os pais estão atentos ao que foi combinado”.(Fonte)
O futuro digital: preparando nossas crianças
O mundo digital está em constante evolução, e nossas crianças precisarão navegar por ele com confiança e segurança. Ao estabelecer hábitos saudáveis desde cedo, estamos equipando-as com as ferramentas necessárias para prosperar nesse ambiente.
Lembre-se, mãe, você não precisa ser uma expert em tecnologia para guiar seu filho.
O mais importante é manter uma comunicação aberta, estabelecer limites claros e oferecer alternativas envolventes ao uso de telas.
O desafio de criar filhos na era digital pode parecer difícil, mas não precisa ser.
Com informação, métodos claros e muito amor, podemos ajudar nossos filhos a desenvolverem uma relação saudável com a tecnologia.
Lembre-se, cada criança é única, e o que funciona para uma família pode não funcionar para outra.
O importante é estar atenta, ser flexível e, acima de tudo, manter o diálogo aberto com seus filhos.
E você, mãe, como tem lidado com o uso de tecnologia na sua casa? Quais desafios tem enfrentado? Compartilhe suas experiências e vamos aprender juntas a navegar por esse novo mundo digital.
Juntas, podemos criar um futuro digital mais saudável e equilibrado para nossas crianças. Afinal, não é isso que todas nós queremos?
Fontes:
Claudia – Como educar as crianças sobre os perigos da internet
Fundação Abrinq – Redes sociais para crianças
CIESP Jundiaí – As crianças e os riscos da internet
Porvir – TIC Kids Online: frequência de acesso à internet por crianças
Agência Brasil – Três em cada dez crianças e adolescentes foram ofendidos na internet
GaúchaZH – Como garantir a segurança online de crianças e adolescentes
Educador21 – Educação digital: o que muda a partir de 2024
Lunetas – Crianças estão mais expostas a ofensas na internet