Como seria um mundo onde metade dos cientistas fossem mulheres? Onde laboratórios, salas de aula e centros de pesquisa refletissem a diversidade da nossa sociedade?
Bem, 2025 pode ser o ano em que esse cenário começa a se tornar realidade no Brasil.
Este ano se inicia com um horizonte promissor para as mulheres na ciência brasileira. Após décadas de lutas e avanços graduais, estamos testemunhando uma confluência de fatores que podem catapultar a participação feminina na pesquisa científica a níveis sem precedentes.
Segundo dados da Elsevier, a participação feminina na ciência brasileira cresceu 29% nos últimos 20 anos (1).
Mas o que torna 2025 tão especial?
É a combinação de políticas públicas, investimentos privados e uma mudança cultural que está criando um ambiente propício para o florescimento do talento feminino nas ciências.
Investimentos Recordes em Diversidade Científica
Em março do ano passado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o Ministério das Mulheres e o CNPq (2), lançou um edital de R$ 100 milhões para apoiar projetos que estimulem o ingresso, a formação e a permanência de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e na Computação.
Os frutos desse investimento começarão a ser colhidos em 2025, com a implementação de programas inovadores em universidades e centros de pesquisa por todo o país.
Mas o que isso significa para você, aspirante a cientista ou pesquisadora estabelecida? Significa mais recursos, mais mentorias e mais oportunidades para desenvolver seu potencial científico.
Quer ver mais reconhecimento e visibilidade em alta?
O Prêmio Mulheres e Ciência, lançado pelo CNPq e MCTI em 2024 (3), terá sua primeira edição em 2025. Com categorias para diferentes faixas etárias e áreas do conhecimento, o prêmio não apenas oferece reconhecimento financeiro, mas também visibilidade nacional para as cientistas premiadas.
Você já considerou como um prêmio desse porte poderia impulsionar sua carreira?
Ou como poderia inspirar a próxima geração de meninas a seguir seus passos na ciência? Dá uma lida nesta outra matéria sobre o assunto: De Curiosa a Cientista: a Ciência Brasileira para Mulheres
Quebrando barreiras: maternidade e ciência
Um dos maiores obstáculos para a permanência de mulheres na carreira científica tem sido a dificuldade de conciliar maternidade e pesquisa. Mas em 2025, veremos a implementação em larga escala de políticas que abordam diretamente essa questão.
Inspiradas pelo programa “Para Mulheres na Ciência” da L’Oréal (4), que oferece extensão do prazo de conclusão do doutorado para cientistas que passaram pela gestação, universidades e agências de fomento estão adotando políticas similares.
Creches em campus universitários, flexibilização de prazos para mães pesquisadoras e suporte financeiro adicional são algumas das iniciativas que ganharão força em 2025.
A revolução da mentoria
2025 marca o início de um programa nacional de mentoria para mulheres na ciência. Inspirado no sucesso de iniciativas locais, como o programa Futuras Cientistas do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), o novo programa conectará estudantes do ensino médio e graduação com pesquisadoras estabelecidas.
Imagine o poder de ter uma mentora que já trilhou o caminho que você almeja seguir.
Apesar dos avanços, desafios persistem, claro.
A hostilidade do meio acadêmico e a sub-representação em cargos de liderança ainda são realidades. Mas 2025 traz consigo uma onda de conscientização e ação.
Programas de treinamento em vieses inconscientes para comitês de seleção e promoção, cotas para mulheres em posições de liderança em instituições de pesquisa, e campanhas nacionais de valorização da contribuição feminina à ciência são algumas das iniciativas que ganharão força.
O Brasil já ocupa a terceira posição entre os países com maior participação feminina na ciência.
Em 2025, temos a chance de alcançar o topo. Mas isso não acontecerá sem o engajamento ativo de cada uma de nós.
Então, o que você fará para aproveitar esse momento único? Como contribuirá para tornar 2025 verdadeiramente o Ano de Ouro para as Mulheres na Ciência Brasileira?
Lembre-se das palavras da física Elisa Baggio Saitovitch, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Ciências: A ciência precisa da diversidade de pensamento e experiência que as mulheres trazem. Não é apenas uma questão de igualdade, mas de enriquecer a própria ciência.
2025 está aí prometendo mais para a ciência brasileira e para o empoderamento feminino. Parabéns Garotas!
Fontes:
- CNN Brasil – Participação feminina na ciência brasileira
- SECOM – Inclusão de meninas e mulheres na ciência
- MCTI – Prêmio Mulheres na Ciência
- L’Oréal – Carreira científica após um prêmio
- Fundacentro – Igualdade de gênero e raça na ciência
- UFSC – Entrevista com Maria Elisa Máximo (SBPC)
- Agência Brasil – Brasil é o terceiro colocado na participação feminina na ciência
- UNESCO – Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência