A escala 6×1 — seis dias de trabalho e apenas um de folga — está sendo amplamente discutida, você sabe.
Mas, além de ser exaustiva para qualquer trabalhador, como ela afeta em especial as mulheres?
Seis dias consecutivos de trabalho tiram das mulheres o tempo necessário para descansar e cuidar de suas rotinas pessoais e familiares. E, no único dia de folga, é preciso escolher: descansar ou resolver pendências acumuladas.
Pense bem: como é possível recuperar a energia e dar conta de tudo em 24 horas?
Essa dinâmica impacta diretamente a saúde, o bem-estar e até os relacionamentos familiares.
E o peso é ainda maior para as mulheres, que, além do trabalho formal, assumem a maior parte das responsabilidades domésticas e de cuidado.
A Realidade Injusta da Dupla e Tripla Jornada
Essa rotina é especialmente cruel para mulheres. Depois de uma jornada exaustiva no trabalho, muitas ainda enfrentam responsabilidades como cuidar da casa, dos filhos e de familiares idosos.
A maior parte desse esforço é invisível, mas o impacto é evidente.
O problema também afeta mais as mulheres negras e de regiões periféricas.
Elas, muitas vezes, lidam com horas de transporte público para chegar ao trabalho e voltam para casa só para continuar trabalhando — agora, em suas tarefas não remuneradas. E o que sobra para elas?
Quase nada. Só cansaço.
Por que isso é tratado como normal? Por que aceitamos uma cultura que impõe sobrecarga às mulheres e ainda exige que elas sigam sem reclamar?
Esse custo não é só financeiro. É um custo de saúde, de vida, de tempo.
A consequência?
Muitas estão no limite emocional e físico. Níveis crescentes de estresse, ansiedade e burnout entre mulheres trabalhadoras não são coincidência.
E não, não deveríamos aceitar isso.
Trabalho Invisível: Por Que o Cuidado Importa?
Um ponto central que raramente recebe a devida atenção é a economia do cuidado.
Mulheres são as principais responsáveis pelo cuidado com filhos, idosos e pela organização da casa — um trabalho essencial, mas sem remuneração.
Pior: muitas vezes, isso é visto como “obrigação” das mulheres.
Agora, imagine como seria se elas tivessem mais tempo disponível. Como seria se uma mãe pudesse participar mais da vida de seus filhos?
E se uma filha tivesse condições de cuidar de pais idosos sem prejudicar sua própria saúde? O impacto disso na vida dessas mulheres e em suas famílias seria enorme.
E mais: com a escala 6×1, a convivência familiar fica comprometida.
Os laços se enfraquecem, e o cansaço domina. Como uma sociedade pode avançar se tantas mulheres vivem nesse ritmo insustentável?
Igualdade e Qualidade de Vida: Essa Luta Não Acabou
O fim da escala 6×1 seria um passo importante para garantir uma vida mais digna para as mulheres. Além de ter mais tempo para descansar, elas poderiam investir no próprio desenvolvimento, em estudos, qualificação e novas oportunidades.
Por acaso, é justo cobrar dessas mulheres que elas conquistem mais espaço no mercado de trabalho enquanto lhes negamos o recurso mais básico: tempo?
Precisamos encarar a realidade: não se trata apenas de tirar um peso das costas.
Trata-se de reavaliar um sistema que tira das mulheres suas chances de crescer e viver com qualidade.
Afinal, a exaustão constante não é um sinal de eficiência; é um reflexo de um sistema que não valoriza as pessoas.
O impacto psicológico de tudo isso não pode ser ignorado. Altos índices de depressão e ansiedade entre trabalhadoras estão diretamente ligados à falta de condições dignas.
E saúde mental importa — ou pelo menos deveria importar.
O Que Queremos de Verdade?
Queremos um modelo de trabalho mais justo.
Queremos que o direito ao descanso seja uma prioridade, e que o lazer e o tempo em família não sejam tratados como luxo.
Queremos que as empresas entendam que funcionárias descansadas e respeitadas produzem mais e melhor.
Mais do que isso: queremos viver, não apenas sobreviver. Diminuir a carga de trabalho e reformular esse sistema é essencial para garantir às mulheres condições de trabalho honestas e humanas.
A luta pelo fim da escala 6×1 é, na verdade, uma luta por vidas menos sobrecarregadas.
E a questão é simples: até quando vamos aceitar que tudo isso seja normal?
Comente! Participe desta discussão conosco.