Você já se imaginou ganhando um Prêmio Nobel ou liderando uma pesquisa revolucionária?
Se a resposta é sim, você está no lugar certo. Se é não, prepare-se para mudar de ideia. Este guia vai te mostrar como transformar seu interesse pela ciência em uma carreira na ciência brasileira, independentemente de onde você esteja neste percurso.
Estas ideias também serve se você tiver uma filhota! O que acha?
O primeiro passo: desperte a cientista que há em você
Tudo começa com uma fagulha de curiosidade. Lembra daquela vez que você ficou intrigada com o arco-íris depois da chuva?
Ou quando quis entender por que as plantas crescem em direção ao sol? Esses momentos de descoberta são o início de uma paixão pela ciência que pode durar toda a vida.
Para alimentar essa chama, programas como o Futuras Cientistas, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), fazem total diferença.
Segundo dados do programa, 70% das participantes foram aprovadas no vestibular, e destas, 86% ingressaram em áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Quer saber mais?
O programa oferece imersão científica e até um auxílio de R$ 600 fornecido pelo CNPq para estudantes do ensino médio da rede pública.
A participação feminina na ciência não é apenas uma questão de igualdade, mas uma necessidade para o avanço do conhecimento. A diversidade de perspectivas enriquece a pesquisa e leva a descobertas inovadoras que beneficiam toda a sociedade.
Mas e se sua escola não oferece nada parecido? Não se preocupe!
Existem recursos online gratuitos, como cursos da Khan Academy e vídeos do Canal Futura, que podem te ajudar a conhecer diferentes áreas científicas.
O importante é manter a curiosidade viva e não ter medo de fazer perguntas.
Construa bases sólidas da graduação ao doutorado
Chegou a hora de escolher sua área de estudo. Física? Biologia? Química? Engenharia?
A decisão pode parecer assustadora, mas lembre-se: você não está se casando com uma carreira para sempre. Muitas cientistas mudam de área ao longo da vida acadêmica.
Durante a graduação, procure se envolver em projetos de iniciação científica.
De acordo com dados do CNPq, as mulheres ocupam 51,8% das bolsas de iniciação científica no Brasil.
É sua chance de ter um gostinho do que é fazer pesquisa de verdade!
Ao avançar para a pós-graduação, esteja ciente dos desafios.
Segundo a pesquisadora Maria Elisa Máximo (1), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a maternidade e a hostilidade do meio acadêmico ainda são barreiras significativas.
Mas não se deixe intimidar!
Programas como o “Para Mulheres na Ciência”, da L’Oréal em parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências (2), oferecem suporte específico para cientistas que são mães, incluindo extensão do prazo de conclusão do doutorado.
Esteja sempre atenta aos cursos de mestrados espalhados por todo o Brasil. Existem muitas fontes de notícias atualizadas sobre mestrados como o portaluniversidade.com.br, por exemplo.
Dicas para prosperar no meio acadêmico
Agora que você já tem seu diploma na mão, como se estabelecer no competitivo mundo da ciência?
Primeiro, entenda o cenário: segundo um relatório da Elsevier (3), a participação feminina na ciência brasileira cresceu 29% nos últimos 20 anos.
Isso é ótimo, mas ainda há muito espaço para crescer.
Networking é fundamental. Participe de conferências, workshops e grupos de pesquisa.
Não tenha medo de abordar pesquisadores mais experientes – muitos ficarão felizes em compartilhar suas experiências e conselhos.
Publicar é vital.
Comece como co-autora e vá ganhando confiança para liderar seus próprios papers.
Lembre-se: 49% da produção científica brasileira tem pelo menos uma mulher entre os autores.
Você não está sozinha nessa!
Liderança e Reconhecimento
Infelizmente, apenas 15,87% das bolsas de produtividade do CNPq são ocupadas por mulheres. Mas isso está mudando, e você pode fazer parte dessa mudança.
Chegou a hora de mirar mais alto. Candidate-se a prêmios e bolsas.
O recém-lançado Prêmio Mulheres e Ciência, uma iniciativa conjunta do CNPq, MCTI e Ministério das Mulheres (4), oferece reconhecimento e apoio financeiro significativo. Com categorias para diferentes faixas etárias e áreas do conhecimento, há espaço para cientistas em diversos estágios de carreira.
Não subestime o poder da divulgação científica.
Compartilhe seu trabalho em redes sociais, participe de podcasts, escreva para blogs de ciência.
Quanto mais visível seu trabalho, maiores as chances de atrair colaborações e financiamentos.
É possível equilibrar carreira e vida pessoal
Uma preocupação comum entre cientistas mulheres é como equilibrar a carreira com a vida pessoal, especialmente a maternidade. A boa notícia é que instituições estão cada vez mais conscientes dessa necessidade.
Por exemplo, o programa “Para Mulheres na Ciência” (5) implementou uma política de extensão do prazo de conclusão do doutorado para cientistas que passaram pela gestação.
Isso resultou em um aumento de 5% no número de mães inscritas no programa.
Além disso, muitas universidades estão criando creches e implementando políticas de licença-maternidade mais flexíveis para pesquisadoras. Não hesite em perguntar sobre essas políticas ao considerar posições em diferentes instituições.
O futuro é feminino (e científico!)
O Brasil ocupa a terceira posição entre os países com maior participação feminina na ciência, ficando atrás apenas da Argentina e de Portugal.
Isso mostra que estamos no caminho certo, mas ainda há muito a ser feito.
Em março de 2024, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o Ministério das Mulheres e o CNPq, lançou um edital de R$ 100 milhões para apoiar projetos que estimulem o ingresso, a formação e a permanência de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, Engenharias e na Computação.
Esse tipo de iniciativa é um sinal claro de que o cenário está mudando.
Inspiração para a Próxima Geração
Lembre-se sempre: cada passo que você dá na sua carreira científica não é apenas para você, mas para todas as meninas que virão depois.
Você está abrindo caminho, quebrando barreiras e mostrando que é possível.
Como disse a física brasileira Elisa Baggio Saitovitch, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Ciências: A ciência precisa da diversidade de pensamento e experiência que as mulheres trazem. Não é apenas uma questão de igualdade, mas de enriquecer a própria ciência.
Então, o que você está esperando?
O mundo científico precisa da sua voz, da sua perspectiva, da sua curiosidade.
Seja você uma estudante do ensino médio sonhando com seu primeiro experimento, uma doutoranda finalizando sua tese, ou uma pesquisadora estabelecida mirando novos horizontes, lembre-se: seu lugar é onde você quiser estar.
E se esse lugar for um laboratório, uma sala de aula, ou até mesmo um pódio recebendo um prêmio Nobel, saiba que há um exército de mulheres cientistas torcendo por você.
A ciência brasileira está esperando por você. Está pronta para fazer história?
Fontes:
- MCTI – Prêmio Mulheres na Ciência
- Ministério das Mulheres – Prêmio Mulheres e Ciência
- CNN Brasil – Participação feminina na ciência brasileira
- SECOM – Inclusão de meninas e mulheres na ciência
- Fundacentro – Igualdade de gênero e raça na ciência
- UFSC – Entrevista com Maria Elisa Máximo (SBPC)
- Agência Brasil – Brasil é o terceiro colocado na participação feminina na ciência
- L’Oréal – Carreira científica após um prêmio
- UNESCO – Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência